No último dia 19 de setembro, num esforço realizado pelo projeto de extensão Trabalho e cidadania: uma proposta de formação em diálogo com os microempreendedores individuais (MEIs) da região dos Pimentas, foi iniciada uma nova turma do curso de Microempreendedorismo, sediado no Campus Guarulhos da Unifesp e promovido pelo Programa Qualifica Mais MEI, programa nacional de qualificação junto a trabalhadores de baixa renda, em parceria com o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e o Centro de Referência da Assistência Social (Cras) do bairro dos Pimentas, em Guarulhos (SP). Ao todo, estão matriculadas 30 pessoas, sobretudo mulheres. O curso pretende oferecer educação profissional e desenvolvimento de pequenos comércios e serviços prestados por autônomos(as).
“O projeto busca estabelecer uma conexão entre a universidade e os(as) trabalhadores(as) por conta própria na região dos Pimentas, que são ou pretendem se tornar MEIs, identificando ações que combinem formação profissional e educação política para a cidadania, com ênfase na atuação territorial e no fortalecimento da economia local”, afirma Daniel Vazquez, coordenador do projeto e docente do Departamento de Ciências Sociais da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos. “Melhorar esses pequenos negócios e permitir o ingresso na universidade de pessoas que só estavam ali na porta, acho que é o caráter mais simbólico do curso”, completa.
Primeira aula do curso
Andreia Cristina Oliveira da Silva, moradora de um condomínio vizinho ao campus, vende lanches veganos na porta da Unifesp e, atualmente, também é estudante na instituição. “Foi uma alegria bastante grande começar o curso na Unifesp. Trabalho aqui desde 2016. Foi difícil durante a pandemia, sem as aulas, e também durante as férias. Mas agora tenho a oportunidade de fazer o curso, e espero aumentar minha clientela”, expressa.
Paulo Guardiola, coordenador do curso no IFSP, destaca a importância da parceria com a Unifesp para alcançar a região dos Pimentas: “A proximidade com o local de moradia das pessoas é importante para viabilizar a oferta do curso e reduzir a evasão, já que é um curso de 40 aulas”. Daniel Bernardo da Silva e Valdenir Borges, graduandos em Ciências Sociais e bolsistas de extensão que auxiliaram com a documentação dos estudantes, ressaltam que o trabalho foi intenso, mas “valeu a pena” quando conheceram os(as) trabalhadores(as) e suas histórias de vida.
As aulas são ofertadas gratuitamente, com fornecimento de ajuda de custo aos(ás) estudantes, visto que o público-alvo possui dificuldade em conciliar os estudos com o trabalho autônomo, especialmente mulheres, conforme aponta a Cristiane Bibiano, doutoranda em Ciências Sociais e integrante da equipe do projeto. Além disso, de acordo com a coordenadora do CRAS, Maria Renata de Lima, famílias em vulnerabilidade social tiveram preferência no acesso às vagas do curso. Lima ressalta a importância da abertura da universidade para iniciativas com esse caráter social. A partir da oferta do curso, pretende-se estabelecer um vínculo mais duradouro e propor novas ações inspiradas nos princípios da economia solidária.
Visita à biblioteca do campus