Releases

logo_unifesp

Estudo da EPM/Unifesp ganha prêmio da Academia Nacional de Medicina

Trabalho da Pediatria Neonatal tem o propósito de compreender o processo de avaliação da dor em recém-nascidos

Estudo realizado pela disciplina de Pediatria Neonatal da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo, em parceria com o Centro Universitário FEI, recebeu o Prêmio Fernandes Figueira, como melhor trabalho elaborado no Brasil sobre Higiene Infantil ou Pediatria Médica, da Academia Nacional de Medicina (ANM), em cerimônia de premiação on-line no dia 30 de junho.

O trabalho Identificação da dor em neonatos: percepção visual das características faciais neonatais pelos adultos, coordenado pelas médicas e docentes Ruth Guinsburg e Marina Carvalho de Moraes Barros, do Departamento de Pediatria da EPM/Unifesp, e pelo docente Carlos Eduardo Thomaz, do Centro Universitário FEI, fundamenta-se pelo propósito de compreender o processo de avaliação da dor em recém-nascidos por parte dos adultos.

Com pensamento multidisciplinar, o projeto une o conhecimento de profissionais da Saúde e Engenharia para entender melhor o processo de avaliação da dor em recém-nascidos, por meio da mímica facial. A pesquisadora Marina Carvalho de Moraes Barros esclarece: “A avaliação da dor no recém-nascido é um desafio, pois ele é um paciente pré-verbal, e não expressa verbalmente a sua dor. As alterações da mímica facial são o modo de expressão da dor do recém-nascido que utilizamos para avaliá-la à beira do leito”. Marina ressalta que a avaliação da dor, no entanto, é subjetiva, pois está sujeita a diversas características individuais dos avaliadores, tais como experiências anteriores com fenômenos dolorosos, sensibilidade ou até estado de humor. Por esse motivo, é necessário conhecê-la de forma mais aprofundada.

Metodologia

Para realização do estudo, foram apresentadas fotos de dez recém-nascidos – anteriormente retratadas para os estudos da docente Ruth Guinsburg, a qual estuda a dor em recém-nascidos há muitos anos –, sendo duas fotos de cada um dos bebês (uma registrada antes e outra durante um procedimento doloroso de rotina, como teste do pezinho ou vacina). As fotos foram analisadas em uma tela de computador por 143 adultos, incluindo profissionais da saúde (pediatras, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e fonoaudiólogos), pais de recém-nascidos e leigos, enquanto um equipamento de rastreamento visual detectava o movimento da pupila.

A observação dessas fotografias foi feita individualmente durante sete segundos por cada uma dessas pessoas e, no final, todas deveriam dar uma nota de 0 a 10, o que classificaria, de acordo com a expressão da facial do recém-nascido, o nível de dor que o adulto acreditava que o bebê estava sentindo, sendo 0 = ausência de dor e 10 = dor máxima. Durante os sete segundos observando as fotografias na frente do computador, o equipamento capturava o movimento pupilar, identificava os locais onde o adulto fixava e mantinha fixo o olhar ao analisar a face do bebê, gerando um mapa de calor que indicava as áreas de maior e menor tempo de fixação do olhar.

Geralmente as alterações que representam sinais de dor são fronte saliente, olho espremido, sulco nasolabial aprofundado e boca aberta ou tensa. Mesmo assim, ainda se tem dúvidas se essa é a melhor maneira de avaliar a dor do recém-nascido. Os resultados desse mapeamento mostram as áreas fixadas pelo olhar dos adultos ao tentar detectar a dor através da expressão facial do recém-nascido: fronte, olhos, sulco nasolabial e boca.

As pesquisadoras Marina Carvalho de Moraes Barros e Ruth Guinsburg explicam que, em geral, os indivíduos olham para as mesmas áreas, principalmente para fronte, olhos e boca (“triângulo da face”), e menos para o sulco nasolabial. No entanto, olhar o sulco nasolabial associou-se à maior chance de identificar corretamente a presença e a ausência de dor. “Essas informações podem auxiliar no aprimoramento da capacitação dos profissionais de saúde, que, no dia a dia, identificam a presença de dor no recém-nascido, para que a dor possa ser adequadamente tratada, evitando-se assim as repercussões do subtratamento e do supertratamento da dor”, ressaltam.

COMPARTILHE