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Opinião: Acidentes por escorpiões

Fique de olho: nesse período do ano, devido às altas temperaturas, ao maior número de atividades ao ar livre e às fortes chuvas, as chances de contato com esses animais crescem muito

Escorpião preto na areia

Estamos vivendo um aumento no número de acidentes por escorpiões. Esses aracnídeos (parentes, portanto, das aranhas) se adaptaram muito bem ao ambiente urbano, onde encontraram condições favoráveis de alimentação e abrigo. São animais de hábitos noturnos e têm como principal fonte de alimentação insetos - principalmente baratas. Nesse período do ano, devido às altas temperaturas, ao maior número de atividades ao ar livre e às fortes chuvas (que forçam os escorpiões a fugir de galerias alagadas), as chances de contato com esses animais crescem muito.

Como se deparam com uma abundância de alimentos e boas condições de abrigo, os escorpiões passaram a viver também no ambiente em torno dos domicílios, eventualmente, invadindo nossas casas. Porém, são animais pouco agressivos, e os acidentes acontecem na maioria das vezes ao serem tocados ou “intimidados”, quando picam para se defender de possíveis ameaças.

O principal gênero de interesse médico engloba os escorpiões amarelos (Tityus serrulatus – mais comum) e o marrom (Tityus bahiensis). Estão presentes nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. O escorpião amarelo é o mais perigoso em termos de saúde pública, por ser mais abundante e por ter um veneno mais potente. Outra característica que favorece a sua infestação em ambientes é a partenogênese, um tipo de reprodução onde a fêmea se reproduz sem a presença de um macho.

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O que acontece se alguém for picado?

A picada tem como característica ser bem dolorosa e pode representar perigo para crianças e idosos. O veneno possui forte ação local e atua também no sistema nervoso. Localmente, além da forte dor descrita, podemos ter sensação de formigamento, suor local, ereção de pelos, vermelhidão e inchaço. Nos casos graves, podem haver alterações cardíacas (arritmias), náuseas, vômitos e convulsões.

O que fazer em caso de acidente?

Em caso de acidente, deve-se manter a calma, lavar bem a região com água e sabão, aplicar gelo e, se possível, procurar auxílio médico. Não garrotear, furar, cortar ou aspirar o local da picada. O tratamento inclui medicamentos para aliviar a dor e, nos casos mais graves, o soro específico.

O que fazer para se prevenir?

-Em primeiro lugar, não devemos fornecer condições favoráveis para o desenvolvimento dos escorpiões. Combater as baratas com medidas simples, como evitar o acúmulo de entulho (que pode servir de abrigo), lixo ou outro material orgânico que possa atrair as baratas. Não deixar a comida de animais expostas por longos períodos, pois isto pode atrair baratas e, por consequência, escorpiões.

-Manter ralos, caixas de esgoto bem fechadas, assim como tapar frestas por onde os escorpiões possam passar.

-O uso de inseticidas deve ser feito com cuidado, pois grande parte deles são ineficazes contra os escorpiões. Assim, esses produtos, além de não exterminar os escorpiões, podem “irritá-los”, fazendo com que saiam de seus esconderijos e invadam outros ambientes.

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*Toxicologista, patologista clínico e professor afiliado da Disciplina de Clínica Médica e Medicina Laboratorial da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

As opiniões expressas no artigo não representam a posição oficial da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

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