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Pesquisa revela que privatização e oligopólio na terapia renal substitutiva podem impactar saúde pública

Revisão de artigos internacionais alerta para os efeitos da concentração de mercado no tratamento da insuficiência renal crônica

Esta imagem ilustra o processo de hemodiálise, um tratamento médico utilizado para filtrar o sangue de pacientes com insuficiência renal.  Elementos da imagem:  Rins: No centro da imagem, dois rins grandes e estilizados são o ponto focal. Eles são representados em tons de laranja, com detalhes em azul mostrando as veias e artérias. Máquina de hemodiálise: À esquerda, uma máquina de hemodiálise é mostrada. Ela possui uma tela com gráficos e indicadores, representando o monitoramento do processo. Profissionais de saúde: Dois profissionais de saúde estão presentes na imagem. Um deles, à direita, segura uma bolsa de sangue, enquanto o outro, à esquerda, parece estar manuseando um tubo de sangue. Tubos e conexões: Diversos tubos conectam os rins à máquina de hemodiálise, representando o fluxo sanguíneo durante o tratamento. Tela com informações: No canto superior direito, uma tela com a palavra "HEMODIALYSIS" e algumas linhas de texto representam as informações exibidas durante o procedimento. Mobiliário: À direita, um armário com uma planta em cima complementa a cena. Descrição do processo:  A imagem ilustra o processo de hemodiálise, onde o sangue é retirado do paciente, filtrado por uma máquina e devolvido ao corpo. Os tubos conectados aos rins representam a entrada e saída do sangue, enquanto a máquina de hemodiálise realiza a função de limpeza e filtração. Os profissionais de saúde monitoram o processo e garantem que tudo ocorra corretamente.  Estilo da imagem:  A imagem possui um estilo plano e ilustrativo, com cores vibrantes e linhas simples. Os personagens são representados de forma simplificada, sem muitos detalhes faciais. O fundo é branco, o que ajuda a destacar os elementos principais da imagem.

Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) investigou os impactos da privatização e do oligopólio no setor de Terapia Renal Substitutiva (TRS). A pesquisa, publicada na revista ClinicoEconomics and Outcomes Research, revela que a predominância de grandes conglomerados privados na prestação do serviço pode afetar negativamente a qualidade do atendimento e os desfechos clínicos dos pacientes.

Principais achados da pesquisa

O estudo, que realizou uma revisão sistemática com 34 artigos internacionais, identificou que:

  • A maioria dos serviços de TRS é privada e operada por conglomerados internacionais, especialmente nos Estados Unidos, onde duas grandes corporações controlam 70% das unidades de diálise;
  • Os pacientes tratados em unidades privadas ou pertencentes a grandes empresas apresentaram maior mortalidade e taxas mais altas de hospitalização, em comparação com aqueles atendidos em unidades públicas ou sem fins lucrativos;
  • Os modelos de pagamento baseados na produção incentivam práticas que podem ser prejudiciais aos pacientes, como menor indicação para transplante renal e maior uso de diálise hospitalar em vez de terapias domiciliares, como a diálise peritoneal;
  • No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) financia a TRS para 85% dos pacientes, mas a maior parte do serviço é prestada por empresas privadas, o que pode comprometer a equidade e o controle de qualidade no atendimento.

Impacto da privatização no setor de diálise

O estudo aponta que a privatização da terapia renal substitutiva, combinada à concentração de mercado, pode ter consequências adversas, incluindo:

  • Menor acesso ao transplante renal, especialmente para pacientes em unidades privadas, em que a permanência prolongada em hemodiálise pode ser economicamente mais vantajosa para os prestadores do serviço;
  • Aumento na dependência de medicamentos caros, como a eritropoetina, usada no tratamento da anemia, cuja dosagem tem sido historicamente maior em unidades privadas, independentemente da necessidade clínica;
  • Redução da oferta de diálise peritoneal, uma alternativa à hemodiálise que pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir custos, mas que é menos lucrativa para as empresas privadas.

Recomendações e desafios para o futuro

Os autores destacam a necessidade de regulação mais rigorosa do setor de diálise, especialmente em países como o Brasil, onde a participação do setor privado na TRS é expressiva. Segundo o pesquisador e professor do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Unifesp Leonardo Carnut, “o fortalecimento do setor público via administração direta, na ampliação do acesso ao transplante renal e a diversificação das modalidades de tratamento são medidas essenciais para garantir melhores resultados clínicos e maior equidade no acesso ao tratamento”.

O artigo completo está disponível aqui.

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