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Pensar antes de gastar

Projeto da Eppen utiliza a Psicologia para promover educação financeira

Dois jovens fazendo um apresentação, na tela está a palavra "consumismo

Quem nunca passou em frente de uma loja e comprou alguma coisa sem pensar? Ou viu o anúncio de um produto na internet e, sem pestanejar, usou o cartão de crédito para adquiri-lo? Esse comportamento de consumo é a principal abordagem feita pelo Projeto sem Apertos: Psicologia, Juventude e Educação Financeira, projeto de extensão da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (Eppen/Unifesp) - Campus Osasco.

Criado em 2017, o projeto tem como objetivo propiciar aos jovens instrumentos e estratégias que os auxiliem nas tomadas de decisão econômica. Nesse contexto, tem especial relevância o tema da educação previdenciária, uma vez que essa atividade se debruça sobre aspectos comportamentais que fornecem indícios para a compreensão da dificuldade de realização de planos a longo prazo. Dessa forma, atua diretamente sobre aquele público, em especial nas escolas técnicas estaduais (Etecs) e escolas públicas de Osasco e regiões adjacentes. Desde sua implantação, cerca de 400 pessoas já foram beneficiadas por ele. 

O professor do curso de Ciências Atuariais da Eppen/Unifesp e coordenador do projeto, Celso Yokomiso, explica que a estratégia de ação se ampara nos fundamentos da Psicologia Econômica, sobretudo naqueles referentes aos processos de tomada de decisão, como as distorções de percepção e o papel do afeto nas escolhas econômicas; e na Psicologia Social, que se volta ao estudo das configurações sociais na construção de atitudes e pensamentos. “É um modelo de educação financeira que é menos difundido – o modelo descritivo, que busca entender como, de fato, as pessoas reagem diante dos eventos econômicos.” Em outras palavras, o projeto aborda a educação financeira, focando os aspectos comportamentais para que se possa lidar com o planejamento financeiro e os fatores de risco no consumo e no investimento.

O docente argumenta que um projeto de educação dessa natureza, que incorpore os elementos descritos, tem o intuito de reforçar a consciência das pessoas sobre suas fragilidades em termos de comportamento e sobre as dificuldades que são próprias aos que almejam ter uma vida financeira saudável. Tudo isso pode ajudar nas tomadas de decisão que envolvem o consumismo imediatista. “Pensar em ações de longo prazo exige todo um processo de educação e formação. Nossa tendência é a de realizar os desejos o mais rápido possível, e postergar essa realização exige bastante energia e disciplina”, completa.

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Durante a aula de Psicologia Atuarial, Celso Yokomiso explica a teoria que servirá de base às propostas dos alunos

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Estudantes de uma das Etecs que participam do projeto assistem às apresentações

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Crianças têm o primeiro contato com a educação financeira

Teoria e prática

Durante as aulas de Psicologia Atuarial, que fazem parte da grade de disciplinas do curso de Ciências Atuariais da Eppen/Unifesp, Yokomiso expõe a seus alunos a teoria que servirá de base à proposta a ser apresentada nas Etecs e em outras escolas públicas. Após breve explicação, os estudantes reúnem-se em grupos para discutir de que forma colocarão em prática os ensinamentos transmitidos em aula. 

Marcela Ginesta, do quarto termo do curso, é uma das estudantes que integra o projeto e, junto com os demais componentes de seu grupo, está elaborando uma atividade lúdica voltada para crianças. “Nós escolhemos trabalhar com crianças justamente por elas serem mais impulsivas e imediatistas; tentaremos, então, utilizar alguns conceitos estudados em aula.” Para ela, a extensão contribuirá para sua carreira acadêmica. “Quando explicamos alguma coisa aos outros, compreendemos melhor, pois colocamos em prática o que aprendemos na sala e na vida pessoal, o que é uma grande experiência. Você está se desenvolvendo, exercitando a habilidade de falar em público”, acrescenta.

Rodrigo Eiji, discente do curso de Ciências Econômicas, optou pela Psicologia Atuarial como disciplina eletiva. Além de se interessar pelo projeto, o tema o ajudou a mudar de ideia em relação à carreira acadêmica. “Fiz essa escolha porque, na verdade, queria mudar para o curso de Psicologia, mas, nesse caso, teria de prestar um novo vestibular. Quando analisei a grade curricular e identifiquei essa matéria, quis me inscrever.” Eiji afirmou que participar do projeto também o ajudará no desenvolvimento da comunicação e na interação com as pessoas.

Já Gabriel Pereira Alves, do curso de Ciências Atuariais, é bolsista do projeto e responsável pelo contato com as escolas nas quais os trabalhos serão apresentados. Seu grupo falará sobre planejamento financeiro para os jovens, relacionando-o ao envelhecimento, à universidade e ao intercâmbio. Para Alves, os projetos de extensão são essenciais para a interação com a comunidade. “Assim, podemos sair das quatro paredes da sala de aula e ter a oportunidade de não só aplicar os conhecimentos que adquirimos, mas também impactar a sociedade local e o entorno do campus. É por meio dessas pontes de contato que conhecemos a realidade das pessoas”, conclui.


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Edição 12 • novembro 2019