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O que você alimenta quando se alimenta?

Atividades integradas de extensão, ensino e pesquisa promovem a conscientização sobre os hábitos de consumo e de alimentação e a difusão da metodologia social emergente dos grupos de consumo responsável

Imagem de uma mesa, com verduras, milho, abobora e me

O programa Agroecologia e Consciência Alimentar, coordenado por Leda Lorenzo Montero, docente do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp) - Campus Diadema, surgiu quando o tema agricultura passou a ser discutido em aulas ministradas na graduação em Ciências Ambientais. Questões como o uso dos recursos naturais, manejo do solo, relações com a terra e os alimentos e fatores socioeconômicos implicados, ainda que considerados essenciais à formação universitária, ainda não constavam na grade curricular do curso.

Montero e sua colega de departamento, Rosangela Calado da Costa, propuseram, então, uma disciplina eletiva com carga horária de 72h que focasse na agroecologia, meta alcançada em 2018. Uma vez constatada a aceitação dos estudantes (21 concluintes na primeira turma), a disciplina foi ofertada novamente no ano seguinte, já vinculada ao programa de extensão como se tem hoje (33 concluintes na segunda turma, em 2019). A disciplina atende à curricularização da extensão e 40% da carga horária consiste em atividades práticas - o mínimo de 20h de atividades de extensão inclui trabalho de campo. 

Uma das ações do programa consiste na realização de visitas técnicas a plantações de produtos orgânicos, trabalhando com estudantes da Unifesp e agricultores conceitos da disciplina na prática, como produção no campo, adubação verde, policultivos, tipos de consórcio, geração de renda e formas de escoamento. Esse trabalho de conscientização sobre hábitos de consumo e produção levou as docentes a proporem aos estudantes a criação do Grupo de Consumo Responsável (GCR), visando fortalecer o uso consciente a partir da formação de uma rede de parcerias com produtores orgânicos. O processo evoluiu de forma rápida na instituição em razão do contato de Montero com alguns produtores, já que participa de GCRs desde 2010. 

“O GCR se consolidou por meio de coletivos que elevam o alimento a um patamar político. Ele é responsável por trazer reflexões como: ‘O que você alimenta quando se alimenta?’, ‘Você está promovendo a sua saúde e de sua família?’, ‘Que tipo de agricultura e de manejo de recursos você está promovendo?’, ‘Que tipo de relações de trabalho têm por trás do seu consumo de alimentos?’ e ‘Por que comemos três vezes por dia mecanicamente?’. Com intermédio da disciplina e do grupo, estas questões passam a ser discutidas dentro da universidade”, explica a coordenadora. 

Por ter uma gestão voluntária, aberta e sem fins lucrativos, a consolidação e a manutenção do grupo dependem do ingresso de novas pessoas, inclusive as parcerias com agricultores estão atreladas ao número de estudantes que atuam ativamente gerindo essa relação. Em 2019, o GCR da Unifesp começou a se articular com outros grupos de consumo responsável na região metropolitana de São Paulo, a fim de aumentar a escala de escoamento do que é produzido pelos pequenos produtores.

Agroecologia e economia solidária

Uma ação conjunta de dois programas de extensão, o Agroecologia e Consciência Alimentar e o Fusões (coordenado por Classius Ferreira da Silva), levou à concretização da Feirinha de Agroecologia e Economia Solidária da Unifesp. O evento, mensal, oferece à comunidade acadêmica e externa à universidade um espaço de convivência e promoção do debate acerca de consumo responsável, cidadania, arte e cultura dentro da universidade. Participam desse evento, além de coletivos de empreendedores de Economia Solidária, pequenos produtores de Diadema e região, que encontram na feira a possibilidade de escoamento dos seus alimentos.

Além da economia solidária, tem-se a ideia da promoção de ações culturais como oficinas, apresentações e performances, em um momento para a convivência fora da sala de aula. “Trabalhamos com seis comunidades tradicionais e quilombolas em uma relação bastante direta com essas mulheres. Elas têm muita necessidade de escoamento, porque são produtoras com pouca inserção no mercado, a maioria não tem eletricidade em casa”, comenta Montero.

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Participantes do Grupo de Consumo Responsável da Unifesp

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Feirinha de Agroecologia e Economia Solidária / Fotografia: Daiana Rodrigues

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Discentes da Unifesp em pesquisa experimental no Instituto de Botânica

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Trabalho de consciência alimentar e alimentação saudável com estudantes da Escola Estadual Simon Bolívar

Extensão e pesquisa

  • O programa Agroecologia e Consciência Alimentar, em parceria com o Instituto de Botânica, também executa atividades de extensão rural em assentamentos da região metropolitana de São Paulo, tendo dentro do próprio instituto uma área experimental para pesquisa destinada aos estudantes da Unifesp, com a colaboração direta do agrônomo, professor e pesquisador Clóvis José Fernandes de Oliveira Jr.
  • No VII Encontro Nacional dos Estudantes de Ciências Ambientais (Enecamb), que tem sua edição de 2019 sediada no Campus Diadema, a Unidade José de Filippi receberá o suporte para a instalação de uma pequena agrofloresta, demanda dos estudantes que desejam usar o espaço para observar conceitos de sala de aula sem sair do ambiente acadêmico. Para a extensão, a área servirá também de base para outros projetos do próprio ICAQF/Unifesp, como a horta-escola.
  • Outra ação de extensão que se iniciou em 2019 envolve atividades em escolas públicas municipais de Diadema, coordenadas por Rosangela Calado da Costa, com aproximadamente 150 estudantes participantes no primeiro ano, na faixa etária de 13 a 14 anos. Nas atividades propostas, são trabalhados os conceitos de consciência alimentar e alimentação saudável.

EntreTeses edição 13

Unifesp 25 anos de inserção na sociedade
Edição 12 • novembro 2019