Lápis e papel, lousa e giz, régua e compasso. Objetos que são associados ao ensino tradicional de Matemática cedem espaço, ocasionalmente, a jogos de tabuleiro e outros materiais recreativos, em salas de aula da rede pública. Desde 2011, estudantes do ensino básico e do segmento de educação de jovens e adultos (EJA) da cidade de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, e da capital paulista, aprendem Matemática de forma lúdica e criativa, com brincadeiras e desafios propostos pelo Clube de Matemática, projeto de extensão da Unifesp.
Iniciado na Unifesp por Vanessa Moretti, docente do Departamento de Educação da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos, o projeto desenvolveu-se até tornar-se o Educação Matemática em Atividade, criado em 2015. Esse programa de extensão tem por objetivo articular a formação inicial dos alunos do curso de Pedagogia e o aprendizado de crianças da rede pública de ensino por meio da ludicidade e criatividade.
“Há uma ação importante ao possibilitar que se olhe para a Matemática como algo prazeroso e ao mostrar que é possível aprender por metodologias não tradicionais. Isso é válido tanto para o professor quanto para os alunos. A proposta é que eles se relacionem com a Matemática para além da maneira tradicional, com listas de exercícios – por exemplo, por meio de jogos e desafios, interagindo com os colegas”, explica a docente.
Além do Clube de Matemática, o programa abrange outros projetos de extensão que têm como foco a formação de professores e a aprendizagem por meio de estratégias inovadoras. Dentre alguns dos objetivos dessas ações, estão o ensino de frações, o desenvolvimento do pensamento algébrico nos primeiros anos do ensino fundamental e a compreensão do conceito de número como uma construção humana. São também programados eventos sobre jogos africanos e noções geométricas. As atividades são realizadas pelos estudantes de graduação e pós-graduandos da Unifesp, em parceria com as escolas municipais e estaduais no entorno do Campus Guarulhos – na periferia de Guarulhos – e em São Paulo, com a mediação dos professores desses estabelecimentos.
“Temos o desafio de proporcionar estratégias de aprendizagem não tradicionais, de forma lúdica, considerando a atividade principal da criança. Quanto menos idade tem a criança, mais importante é que a aprendizagem seja desenvolvida com criatividade e mediada pela brincadeira. O professor deve ter a intencionalidade do que ensinar, mas, para a criança, é essencial que isso se dê por meio da brincadeira”, ressalta Moretti.
Os estudantes do Departamento de Educação participam do planejamento e execução das atividades como parte de sua formação. Os materiais recreativos são por eles elaborados e aplicados em suas experiências no estágio e residência pedagógica. Carolina da Cunha Leandro, aluna do 6º termo do curso e estagiária de Pedagogia, criou os jogos Jenga Matemático e Sopa de Decimais. Ao implementá-los no evento Clube de Matemática no Parque, que ocorreu em parceria com o Instituto Butantan, constatou que as tarefas envolveram não apenas as crianças presentes, mas também os adultos que as acompanhavam.
Para Priscila Aparecida Rodrigues, do curso de Pedagogia, por meio do brincar a criança passa a conhecer o mundo sociocultural no qual está inserida. “A criança tem, assim, a possibilidade de expandir seu conhecimento e, a partir daí, assimilar outras noções. Além do poder motivador do jogo, por meio dele a criança exercita a criatividade, a sociabilidade, os limites com base nas regras e as trocas que promovem seu desenvolvimento”, esclarece. A metodologia do programa – adaptada ao contexto da educação de jovens e adultos (EJA) – inspirou o tema de seu trabalho de conclusão de curso (TCC). Segundo a estudante, a experiência colaborou para o aumento do interesse dos participantes em atividades educativas e na aprendizagem.
O Clube de Matemática conta com um acervo de jogos e materiais didáticos para o ensino de Matemática, o qual pode ser utilizado em sala de aula tanto por alunos quanto por educadores. O acervo também fica disponível a qualquer professor da rede pública por meio de empréstimo.
A equipe de estudantes e docentes do curso de Pedagogia desenvolve e adapta jogos matemáticos a partir de outros existentes, estimulando o raciocínio lógico entre crianças, jovens e adultos
Outros projetos
Oficina pedagógica de Matemática
Tem por objetivo propiciar aos professores um aprofundamento teórico sobre o significado do número, em sua dimensão conceitual e histórica, permitindo-lhes produzir situações desencadeadoras de aprendizagem, as quais contemplem o tema abordado.
Números e operações: possibilidades pedagógicas do uso do ábaco
Neste curso, é analisado o uso do ábaco como instrumento pedagógico auxiliar para o ensino de números e operações aritméticas. A partir da compreensão do número como construção humana, serão trabalhados recursos didáticos para a abordagem dos algoritmos vinculados às operações e seu significado.
Unifesp 25 anos de inserção na sociedade
Edição 12 • novembro 2019