Um dos fatores que norteiam a atuação da universidade moderna é a diversidade disciplinar e um tripé de atuação baseado no ensino, na extensão universitária e na pesquisa. Outra das premissas presentes é a autonomia. Isso se refere ao fato da instituição poder receber proventos governamentais e, a partir deles, direcionar os investimentos de acordo com suas próprias decisões (tomadas em órgãos colegiados).
Partindo do princípio da diversidade de atuação e de possuir elementos de democracia representativa, observa-se, por exemplo, uma grande luta para que dirigentes das universidades sejam eleitos a partir do voto universal e/ou paritário de todos os segmentos que compõem a instituição. É um assunto bastante polêmico que sempre está em pauta nas discussões acerca da governança da instituição.
Neste espírito de consolidar a representação discente e elevar a voz dos estudantes para as principais questões da nossa universidade é que surgiu, na década de 70, a Associação dos Pós- Graduandos (APG-EPM) que, na década de 90, transformou-se na APG-Unifesp, entidade tradicional na história da pesquisa e da construção de um Movimento Nacional de Pós-Graduandos e posteriormente da nossa entidade representativa nacional, a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).
A APG-Unifesp é uma entidade civil, livre e independente, sem fins lucrativos, sem filiação partidária e de duração ilimitada, com sede e foro na cidade de São Paulo, na Rua Napoleão de Barros, 678. É a entidade legítima de representação do corpo discente dos cursos de pós-graduação, sensos lato e estrito, e pós-doutorado da Unifesp.
A APG da Unifesp foi fundada aos 26 dias de Agosto de 1976, na então Escola Paulista de Medicina, por um grupo de pós-graduandos liderados por Sérgio Tufik, hoje professor titular do Departamento de Psicobiologia. Na época não tínhamos uma sede e as reuniões ocorriam em espaços diversos da Escola Paulista de Medicina.
Após anos, durante o período em que o professor José Carlos Prates foi diretor da EPM, a sede foi cedida aos pós-graduandos. Sérgio Tufik também organizou o 1º Congresso Nacional dos Pós-Graduandos (CONAP). Nos dias 27 e 28 de Novembro de 1985 foi eleita a primeira diretoria da gestão 86/87, que registrou o estatuto da APG da Escola Paulista de Medicina, aprovado em assembleia na data de 10 de Outubro de 1985. Este passo foi fundamental para o reconhecimento jurídico de nossa associação. Neste ano os diretores da APG-EPM criaram a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), juntamente com pós-graduandos da UFRJ, PUC-SP e outras instituições. Durante muitos anos a ANPG ficou abrigada na sede da APG-EPM.
Outros antigos membros de destaque da APG são a professora Soraya Smaili, atual reitora da Unifesp e José Augusto Mochel. Ambos participaram da fundação da ANPG, sendo que a professora Soraya assumiu a presidência em 1989-1990. Dentre as conquistas da ANPG se destaca, por exemplo, o direito à licença-maternidade para pós-graduandas, conquista de sua última gestão, com participação fundamental de Soraya. Entre outras reivindicações, uma grande bandeira é a profissionalização da carreira de pesquisador no Brasil.
Dentre as funções da APG, temos: 1) representar oficialmente, junto à Unifesp, aos demais órgãos governamentais e perante a sociedade; 2) defender os interesses dos seus associados e garantir a consideração de suas reivindicações pelos poderes deliberativos competentes; 3) estimular a cultura em um senso amplo; 4) lutar pela melhoria das condições da pós-graduação no Brasil e por uma política científica voltada para os interesses nacionais e em benefício da população e 5) lutar, acima de tudo, pelo fortalecimento constante das instituições democráticas brasileiras.
O Brasil tem, recentemente, discutido muito a respeito de ciência e tecnologia como substratos para seu desenvolvimento. Precisamos usar essa oportunidade para fortalecer a pesquisa e as universidades brasileiras.
Nesse contexto, a tarefa dos pós-graduandos é ainda árdua e longa. Além do trabalho cotidiano em busca do aperfeiçoamento técnico e científico precisamos usar os espaços de decisão da universidade em órgãos colegiados e em comissões. Ainda como desafio, temos que buscar construir o ambiente no qual queremos viver e conviver. Neste aspecto entram as possibilidades no mundo do trabalho, as oportunidades de pesquisa no Brasil e no exterior, as novas demandas sociais para a pesquisa, a internacionalização e os novos paradigmas na ciência, a necessidade de criarmos novas tecnologias e inovações nos processos sociais e de produção.
Na gama de questões que nos envolvem, nós da APG queremos convidá-lo a encarar este desafio, com compromisso social e sensibilidade. Queremos sempre melhorar nosso ambiente de estudo e trabalho, nossas vidas, e, por que não, o Brasil.
Primeiro edição da revista
Edição 01 • Novembro 2013