Com o intuito de avaliar os efeitos da hidroxicloroquina na possível prevenção de formas moderadas a graves da covid-19 em pacientes com doenças reumáticas autoimunes que já utilizam o medicamento, a disciplina de Reumatologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo integra um estudo multicêntrico nacional, chamado Projeto Mario Pinotti II, liderado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e que envolve 20 centros universitários brasileiros de nove estados e do Distrito Federal.
No total, serão analisados três mil pacientes e seis mil familiares que tiveram contato com esses indivíduos, a fim de se comparar a taxa de infecção entre eles (de moderada a grave). Pela Unifesp, espera-se a participação de mais de 300 pacientes e de estudantes voluntários, os quais entrarão em contato com os participantes sob a orientação dos docentes Edgard Reis, principal investigador da pesquisa na universidade, Marcelo de Medeiros Pinheiro, também coordenador nacional do projeto pela SBR, e Emília Sato.
O nome do projeto é uma homenagem a Mario Pinotti, médico sanitarista e estudioso da cloroquina para o tratamento da malária, uso original da substância. Atualmente, ela também é administrada em pacientes com as seguintes doenças autoimunes: lúpus, artrite reumatoide, dermatomiosite e Síndrome de Sjogren, principalmente. Porém, não se sabe se essas medicações poderiam influenciar negativamente a infecção e nem se a atividade inflamatória das doenças autoimunes poderia ser considerada como fator de pior prognóstico aos pacientes com covid-19.
"Até o momento, não têm sido relatados casos graves da covid-19 em pacientes com doenças autoimunes, como previamente esperado, uma vez que são pacientes com grau variável de imunossupressão com o uso de imunossupressores propriamente ditos ou agentes imunobiológicos. Assim, essa observação clínica tem chamado a atenção de reumatologistas sobre um potencial efeito benéfico ou 'protetor' das medicações usadas para o controle de atividade da doença sobre os desfechos da infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2)", relata Pinheiro.