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Santos, no litoral de SP, será a primeira cidade do mundo a instituir a cultura oceânica na rede pública de ensino

Parceria entre Unifesp e poderes legislativo e executivo da cidade servirá de exemplo ao planeta no atendimento de uma das metas da Década do Oceano

Tartaruga marinha verde nadando no oceano

Santos, na Baixada Santista, litoral de São Paulo, será a primeira cidade do mundo a instituir a cultura oceânica na rede pública de ensino. O pioneirismo, confirmado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), começa a se transformar realidade a partir desta sexta, 12/11, quando será sancionada a Lei da Cultura Oceânica. A conquista de uma legislação especial para o tema é fruto da parceria entre os poderes executivo e legislativo da cidade e o Campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A cultura oceânica faz parte das metas instituídas na Década do Oceano e o Brasil, através da cidade de Santos, dá exemplo para todo o planeta.

Esse marco é resultado da parceria entre Prefeitura de Santos e Unifesp no projeto do Programa de Políticas Públicas da Fapesp. Desde a criação do projeto, o objetivo foi que, juntas, universidade e poder público pensassem em como integrar efetivamente a ciência com os demais setores da sociedade.

“Foi por meio desse projeto que a Unifesp desenvolveu diversas ações e pesquisas que embasaram a necessidade, bem como um formato de inclusão da cultura oceânica no currículo escolar. A universidade desenvolveu a pesquisa junto com o poder público, que agora transforma esse resultado em políticas públicas”, destaca Ronaldo Christofoletti, professor do Departamento de Ciências do Mar do Instituto do Mar (Imar/Unifesp), coordenador do Programa Maré de Ciência e coordenador do Communications Advisory Goup for the UN Ocean Decade da Unesco.

A inserção da cultura oceânica no currículo escolar da educação formal torna obrigatório o tema, o que, como diz Christofoletti, “representa ensinar aos alunos o papel do oceano em nossas vidas e a influência das nossas ações no oceano”.

“Essa transmissão de conteúdo é fundamental para formarmos cidadãos com conhecimento sobre o tema, de modo que se tornem adultos conscientes e apliquem esse valioso conhecimento adquirido em suas vidas pessoal e profissional. Essa é a mudança desejável para que o mundo consiga alcançar o desenvolvimento sustentável, são mudanças de comportamento e, para isso, é preciso conhecimento, algo que será garantido com a lei hoje sancionada em Santos, que passa a valer para essa e para as próximas gerações”, destaca o professor da Unifesp.

A partir da lei, será constituída uma estrutura na Secretaria de Educação de Santos, que vai trabalhar a inserção do tema no currículo escolar de uma forma transversal, ou seja, envolvendo não apenas ciências, como também outras disciplinas.

Contudo, ressalta Christofoletti, “a ideia é ajudar os professores nas bases, nas escolas, a encontrarem os caminhos para ligar suas realidades locais, daquele território escolar, que se difere em cada instituição de ensino, identificando problemas de suas realidades e comunidade correlacionados à cultura oceânica e as trabalhando por meio de projetos interdisciplinares, de modo que os alunos aprendam ativamente, construam conhecimento e apliquem de fato essa meta global que é acultura oceânica”.

Para Francesca Santoro, coordenadora do Programa de Cultura Oceânica da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco, a assinatura da lei, de autoria do vereador Marcos Libório, é um momento especial. “Ela ocorre no momento ideal, em que toda a sociedade discute na COP 26 em Glasgow o que precisamos fazer, e a cultura oceânica é uma ferramenta fundamental”, afirma Santoro, em vídeo gravado na Itália e que será exibido durante a solenidade da assinatura da lei.

Também por vídeo, o coordenador do Programa de Ciências Naturais da Unesco Brasil, Fábio Eon, destaca a parceria entre a Unifesp e os poderes legislativo e executivo de Santos “para a criação da pioneira legislação, um exemplo de ação conjunta com ciência como base para a tomada de decisão”.

A iniciativa também tem o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) que, por meio do Secretário de Pesquisa e Formação Científica do ministério, Marcelo Morales, destaca ações de cultura oceânica e ciência na escola como essa, “importantes para trazer soluções para a promoção da ciência e o uso sustentável do oceano”.

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