Um recente estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e publicado no periódico The International Journal of Infectious Diseases aponta para a possibilidade de transmissão de covid-19 por visitantes assintomáticos em ambientes de saúde e destaca a inadequação das medidas de proteção.
No dia 29 de agosto, os pesquisadores testaram todos os visitantes do Hospital São Paulo, hospital universitário (HSP/HU Unifesp), descobrindo que 4% dos mesmos (6 em 150) tinham covid-19 assintomática. Dos seis assintomáticos identificados, por meio do teste de transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) com amostragem nasofaríngea, um testou positivo 20 dias antes, mas não apresentou sintomas no momento da visita; outro visitante com resultado positivo desenvolveu sintomas no dia seguinte à visita; e os demais não apresentaram sintomas durante a avaliação final 14 dias após o teste.
Dois dos seis pacientes visitados por uma pessoa com teste positivo para covid-19 posteriormente tiveram resultados positivos também. Os pesquisadores notaram que várias visitas do mesmo visitante podem ter desempenhado um papel na transmissão para os pacientes infectados. E uma vez que os visitantes frequentemente são também contatos próximos dos pacientes antes da hospitalização, a transmissão pode ter ocorrido antes da interação ocorrida no hospital.
Medidas de proteção
Segundo Nancy Bellei, infectologista da Unifesp e coordenadora do estudo, somente o uso de máscaras em ambientes de saúde pode gerar uma falsa confiança na redução dos riscos de transmissão.
Os pesquisadores do estudo inédito ainda sugerem que os estabelecimentos de saúde podem precisar considerar as taxas de infecção local e triagem ativa de visitantes - além da triagem de sintomas - para proteger os pacientes da transmissão dentro do hospital.
"O estudo sugere que, em momentos mais intensos da pandemia, o número de visitas deve ser mais controlado", ressalta Bellei. Por outro lado, a especialista acrescenta que "no futuro, quando novos testes rápidos estiverem disponíveis, talvez seja possível testar os visitantes diariamente".