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Pesquisa da Unifesp destaca benefícios e riscos da utilização de toxina botulínica em procedimentos estéticos

Uso da toxina botulínica em procedimentos estéticos traz benefícios comprovados, mas requer atenção aos riscos e à capacitação profissional para garantir segurança e eficácia

Imagem mostra o rosto de uma mulher e uma injeção sendo aplicada na região da boca

A toxina botulínica, amplamente conhecida por suas aplicações estéticas, é uma proteína derivada da bactéria Clostridium botulinum. Reconhecida por sua capacidade de paralisar seletivamente músculos, ela se tornou um dos procedimentos não-cirúrgicos mais realizados globalmente, com 7,3 milhões de aplicações apenas em 2021, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Contudo, o aumento na popularidade desses tratamentos trouxe consigo um crescimento proporcional na ocorrência de complicações, como aponta um recente artigo co-assinado pela professora Samira Yarak, da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo, publicado na revista ScienceDirect, anais brasileiros de Dermatologia.

A toxina botulínica age bloqueando a liberação de acetilcolina nas terminações nervosas, resultando na paralisia temporária do músculo-alvo. Isso suaviza rugas dinâmicas e marcas de expressão, oferecendo resultados estéticos notáveis. "Apesar de ser amplamente considerada segura, é essencial que o procedimento seja realizado por profissionais capacitados(as), que conheçam profundamente a anatomia facial, as técnicas adequadas e que saibam tratar os eventos adversos”, alerta Yarak.

Embora os efeitos adversos sejam geralmente leves e transitórios, como hematomas e equimoses no local da aplicação, erros técnicos podem resultar em complicações significativas, como:

- Ptose palpebral: queda da pálpebra superior devido à difusão inadequada da toxina;
- Assimetria das sobrancelhas: causada por dosagem desigual ou variações anatômicas não identificadas;
- Alterações oculares: incluindo diplopia (visão dupla) e lagoftalmo (incapacidade de fechar os olhos), resultantes da difusão para áreas não-alvo;
- Ademais, reações alérgicas graves, embora raras, como urticária e anafilaxia, requerem atenção médica imediata;
- Infecções nos locais da aplicação.

Estratégias para prevenção e manejo

A revisão destaca a importância de protocolos rigorosos para minimizar riscos. Entre as recomendações estão:

- Seleção criteriosa de pacientes: contraindicações incluem doenças autoimunes e condições inflamatórias ativas;
- Técnica adequada de aplicação: uso de agulhas finas e inserções precisas, além de aspiração prévia para evitar injeções intravasculares;
- Capacitação médica: o domínio de técnicas e conhecimentos sobre interações medicamentosas é indispensável para intervenções seguras.

A professora Samira reforça a necessidade de conscientização tanto dos(as) profissionais quanto dos(as) pacientes sobre os riscos envolvidos. "Classificar procedimentos como 'minimamente invasivos' pode induzir a uma falsa sensação de segurança. É essencial educar o público sobre possíveis adversidades e a importância de buscar profissionais qualificados(as)", avalia a docente.

A crescente demanda por procedimentos estéticos não pode negligenciar a responsabilidade em torno de sua execução segura. Para Yarak e demais autores(as) do estudo, a obrigatoriedade de notificação de complicações graves seria um avanço significativo na formulação de diretrizes baseadas em evidências, promovendo maior segurança e eficácia nos tratamentos.

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