Entreteses

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Experiência que orienta a escolha profissional

Editorial

Capa da revista, ilustração de uma jovem diante de uma encruzilhada

Esta edição da revista Entreteses tem como foco a Iniciação Científica (IC), um programa direcionado à formação científica de jovens durante o percurso da graduação. São reportadas e celebradas diferentes experiências de estudantes de graduação como protagonistas e colaboradores em pesquisas e na produção científica de cada um dos campi da Unifesp.

Nossos cursos de graduação oferecem – de acordo com os respectivos projetos pedagógicos – unidades curriculares (UCs) direcionadas à metodologia científica, além de UCs com aulas práticas, em laboratórios e/ou visitas de campo, que propiciam o contato com os métodos de observação e experimentação próprios a uma área específica do conhecimento. Por meio do programa de Iniciação Científica1, o estudante tem a oportunidade de aprofundar essa vivência, participando ativamente do processo de construção do conhecimento em todas as suas etapas.

Vinculado à linha de pesquisa de um docente da Unifesp, o tema de estudo é definido pelo estudante de IC, em conjunto com o primeiro, incumbindo a ambos a tarefa de estruturar a redação do projeto de pesquisa. O segundo, por sua vez, participa da execução do estudo, com a realização de experimentos e observações, a coleta de dados, a produção de entrevistas e/ou aplicação de questionários, cujos resultados serão posteriormente organizados e interpretados na forma de relatório de pesquisa. Inserido em atividades do grupo de pesquisa do orientador, o estudante de IC amplia a convivência e o aprendizado com outros pesquisadores, pós-graduandos e os próprios colegas. Decorrido um ano, deverá apresentar no Congresso Acadêmico da Unifesp o trabalho desenvolvido, por meio de exposição oral e pôster, perante avaliadores e/ou debatedores da comunidade acadêmica e o público externo. A participação no congresso simboliza uma parte importante do ciclo de produção do conhecimento científico, que resulta do compromisso de divulgação da pesquisa realizada para a comunidade científica e a sociedade em geral.

A experiência em um programa de IC pode ser marcante na definição da trajetória profissional do estudante, sendo apontada por docentes e pesquisadores como um ponto de inflexão na escolha pela carreira acadêmica, conforme nos conta o professor Fábio Cardoso Cruz em artigo desta edição. Apesar de utilizar métodos e procedimentos científicos, a experiência com a pesquisa científica é cheia de imprevisibilidades e desafios. Equipamentos que precisam de manutenção, reagentes importados que demoram a chegar, voluntários que faltam às entrevistas, animais de pesquisa com intercorrências durante o experimento, além de resultados que podem indicar evidências opostas à hipótese da pesquisa, geram – às vezes – a necessidade de reprogramar as atividades previstas originalmente. Para o estudante em formação, essas ocorrências podem trazer angústia e frustração – e, por isso, a necessidade de acompanhamento próximo e acolhimento por parte do orientador e do grupo de pesquisa. Tais atitudes podem, inclusive, ser determinantes para que a experiência da IC seja positiva e construtiva. Em entrevista que concedeu à Entreteses, a professora Luciana Massi, da Unesp, discute a importância do orientador na preparação dos estudantes de IC e no desenvolvimento da pesquisa no país. 

Na Unifesp, a organização do Pibic/CNPq e suas modalidades está a cargo da Pró-Reitoria de Graduação (ProGrad), na perspectiva de que tais iniciativas constituem, antes de tudo, uma oportunidade de formação para nossos jovens universitários. Embora a Iniciação Científica transcorra muitas vezes no mesmo espaço e contexto das atividades de pós-graduação e pesquisa, é necessário priorizar as demandas específicas do orientando no processo de construção do conhecimento. Na ProGrad, a Comissão Institucional de Iniciação Científica, formada por representantes de cada uma das unidades universitárias, responde pela execução ampla do programa, elabora e publica os editais de bolsas, avalia os projetos e organiza a apresentação dos estudantes de IC no Congresso Acadêmico da Unifesp.

O compromisso da Unifesp com o programa de IC é também evidenciado pela manutenção, desde 2009, de uma cota adicional de bolsas remuneradas pelo orçamento da instituição. Essa cota institucional garante anualmente 50 bolsas adicionais a estudantes e projetos aprovados, os quais não seriam contemplados devido à limitação de nossa cota no CNPq. Por outro lado, com a crescente demanda para concessão de bolsas de IC e a escassez dos subsídios, tornou-se importante viabilizar e reconhecer a atuação de estudantes voluntários em projetos de IC. Desde 2010, os projetos e estudantes voluntários, cadastrados na ProGrad, são formalmente reconhecidos, dando direito à certificação da atividade realizada.

Que o conteúdo dos artigos que integram este número da revista estimule nossa comunidade acadêmica a investir na Iniciação Científica como um processo valoroso de formação e construção do conhecimento em proveito de nossos estudantes! Boa leitura! 

[1] Neste texto vamo-nos referir de maneira genérica ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e às atividades de IC, entendendo que esse programa inclui a modalidade de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti), além do Pibic - Ações Afirmativas, destinado a estudantes que ingressaram na universidade por meio das cotas.

editorial Isabel Marian Hartmann

Isabel Marian Hartmann de Quadros - Pró-Reitora de Graduação (José Luiz Guerra)

 

EntreTeses edição 13

Iniciação Científica: desenhando o futuro
Edição 13 • Outubro 2020