Expansão desafia planejamento participativo
O planejamento talvez tenha sido o maior desafio da gestão, em razão do vertiginoso crescimento experimentado pela Unifesp na última década. Criada em 14 de dezembro de 2011, a Pró-Reitoria de Planejamento (ProPlan) teve de ser estruturada, especialmente na área de planejamento de espaços físicos e no quadro de pessoal. Em 2016, a pró-reitoria conta com 31 servidores, frente aos sete que ali trabalhavam em 2012. “Pensamos que o planejamento deve servir como local que ofereça estudos e documentos que permitam à gestão tomar uma decisão adequada. Não é planejar pela instituição, mas para ela. Termos uma quantidade de estudos para que a instituição tome o caminho certo em decorrência desses estudos e não de um achismo de momento”, afirma Esper Cavalheiro, pró-reitor de Planejamento. O principal desafio, segundo Cavalheiro, dizia respeito à infraestrutura, defasada em relação às demandas dos novos campi e da crescente comunidade acadêmica. “A necessidade de correção da infraestrutura e depois de sua ampliação foi muito bem aceita pela comunidade”, afirma Cavalheiro. A ProPlan elaborou o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do quinquênio 2016-2020 e a revisão do documento anterior (2011-15). O pró-reitor diz que esse processo ocorreu de forma participativa. “O diferencial do nosso PDI é que ele chamou a comunidade a participar. Ele saiu com o formato proposto pela comunidade e a gestão teve que se adaptar a esses anseios”. Para ele, o documento não só retrata as demandas da universidade, como também mostra o seu papel perante a sociedade. “Como podemos responder à demanda da sociedade que deposita em nossas mãos a responsabilidade da formação dos seus filhos? Como tratar isso de forma consciente e adequada? Quando uma família celebra a entrada de seu filho na universidade, ela transfere à instituição os seus anseios e expectativas da formação de um cidadão digno e essa é uma grande carga”. Ainda segundo Cavalheiro, foi elaborada uma “revisão de meio termo” do PDI 2011-15, antes da entrega do atual documento. “Nem tudo o que tinha sido planejado em 2011 teria sido alcançado. As condições políticas, econômicas e sociais mudaram”. O atual PDI, que vigorará até 2020, contará com uma comissão de acompanhamento institucional. O desafio da infraestrutura Uma das medidas tomadas pela ProPlan foi a criação de quatro departamentos: o de Imóveis, o de Edificações, o de Planos Diretores e o de Laboratórios, sendo que os três primeiros trabalham de forma cíclica. “Não havia base confiável de patrimônio da universidade, condições dos imóveis, regularização, laudo dos bombeiros, acessibilidade e política de terras”, diz Pedro Arantes, pró-reitor adjunto de Planejamento, ao explicar a criação do Departamento de Imóveis. Coube ao Departamento de Planos Diretores dar base para a definição de estratégia dos planos diretores de infraestruturas (PDInfras). Os PDInfras, que são desenvolvidos em consonância com o PDI, visam organizar e planejar a infraestrutura da universidade, avaliando as condições de funcionamento dos campi e propondo providências frente às demandas da comunidade, resolvendo problemas atuais, dando apoio à estrutura existente e projetando de forma conjunta as estruturas futuras. Esses planos ajudam a fazer diagnóstico dos imóveis, propondo as soluções necessárias, indicam terrenos a serem adquiridos e exploram questões como a mobilidade e sustentabilidade. “É importante termos uma equipe institucional nesse processo, porque estamos construindo inteligência em cultura de projetos públicos, fazendo com que a universidade tenha quadros técnicos próprios, que saibam entender seus problemas, diagnosticá-los e solucioná-los de forma participativa”, afirma Arantes. O PDInfra dos campi Baixada Santista e Diadema já foram finalizados, enquanto o de São Paulo está em execução. Departamentos em ação O Departamento de Edificações acompanha e fiscaliza as obras, desde o projeto executivo, analisando orçamento, cronograma e preparando a licitação. “Contratamos empresas para fazer os projetos executivos e depois uma construtora para realizar a obras, mas o gerenciamento, planejamento e a fiscalização não podem ficar a cargo de uma empresa. Temos capacidade técnica e intelectual para isso”, afirma Arantes. Já o Departamento de Laboratórios visa normatizar os laboratórios existentes e orientar as futuras construções. “Elaboramos uma cartilha de como contratar projetos de laboratório, com base no diagnóstico que fizemos no início da gestão. Trata-se de um documento de oficialização de demanda que deve ser preenchido e anexado no processo para aprovação do conselho do campus correspondente e no Conselho de Planejamento (Coplan). Isso aumentou a transparência e ajudou a instruir melhor os processos”, diz o pró-reitor adjunto. Para dar suporte à essa nova realidade, o quadro de pessoal da área de infraestrutura precisou ser aumentado de 37 servidores em 2012, para os atuais 83. “Os campi Baixada Santista, Guarulhos e Osasco não tinham engenheiros, arquitetos e técnicos de edificações. Cabia a um administrador ou auxiliar gerir os problemas de infraestrutura e o planejamento local que não era feito pela Reitoria”, afirma Arantes. Os demais campi também tiveram o número de seus quadros ampliados. Além dos departamentos, foram criadas as mesas técnicas e a Câmara Técnica de Infraestrutura. Nas primeiras, o Escritório Público de Projetos da ProPlan e os escritórios locais dos campi encontram-se para tratar de casos específicos, relacionados a projetos, licitações e outras demandas, sendo que todas as atas são registradas e publicadas no site da ProPlan, ficando como uma espécie de memória de decisões da área técnica de infraestrutura. Já na segunda, onde toda a equipe de infraestrutura da Reitoria e dos campi se encontram, acontecem as discussões coletivas das regulamentações, normatizações, portarias e estudos de caso. Desde o início da gestão, a ProPlan concluiu oito obras e tem onze em andamento. Já em relação aos projetos executivos, um está concluído, nove em andamento, um em finalização e três aguardam licitação. Estima-se que os projetos executivos totalizem uma área de cerca de 135 mil m2 entre construções e reformas, o que corresponde a 84% da área construída. Além disso, foram reformados cerca de 20 mil m2, com participação das comunidades envolvidas e maior qualidade no resultado final. Sumário do número 14
Por editordci
Publicado em 19 October 2016 18:17 | Última modificação em 08 March 2023 17:39