Mais do que nunca, numa época de crise como a que vivemos, “a coisa mais importante para nós, brasileiros, é inventar o Brasil que queremos”, como dizia Darcy Ribeiro. Esse é o desafio que a universidade pública deve enfrentar, e que remete ao lugar destinado à educação e ao conhecimento. Nessa edição, dedicamos uma reflexão aos caminhos postos para a universidade pública, no sentido de levar a bom termo a sua missão. Contamos, para isso, com a preciosa colaboração do professor visitante Renato Janine Ribeiro, convidado pela Unifesp para coordenar um grupo de trabalho destinado a criar e implantar o Instituto de Estudos Avançados (IEA), com a dupla vocação de estimular e ajudar a viabilizar tanto a realização de pesquisas situadas na fronteira do conhecimento como a formulação de políticas públicas capazes de superar alguns dos grandes desafios enfrentados pelo Brasil.
Em nossa matéria de capa, abordamos uma questão que preocupa cada vez as autoridades públicas, cientistas e especialistas em todo o mundo: a questão da alimentação. Como uma espécie de “outro lado” perverso da moeda que, numa das faces, apresenta o problema da fome e da subnutrição que atinge quase um bilhão de seres humanos, enfrentamos a questão dos “desertos alimentares”, produzidos por uma combinação de fatores: comida ultraprocessada, desperdício e um modelo de produção e consumo estimulado pelo agronegócio. Trata-se de um quadro de crise que afeta negativamente os indivíduos e cria graves problemas de saúde pública.
Nosso “perfil” faz uma homenagem ao professor José Carlos Prates, que, aos 85 anos, desenvolveu uma trajetória profissional que se confunde com a história da própria Escola Paulista de Medicina, à qual dedicou boa parte de sua vida. Também trazemos como destaque uma importante pesquisa desenvolvida pelo escritor e pós-doutorando Ricardo Lísias sobre como são escritas as memórias e histórias que lidam com os efeitos da transição entre o regime instituído em 1964 e a redemocratização brasileira.
Oferecemos, enfim, uma edição bastante “movimentada” e conectada a alguns dos problemas mais centrais do mundo contemporâneo, sempre procurando oferecer análises em profundidade e perspectivas para sair da crise.
Desejamos a todos uma boa leitura!